Quando em nada esperar E quando em nada prosseguir Apostar que és digna de me fazer sorrir E que desdenhas da solidão junto comigo Acalenta cristas e marcas de orgulho Minha costa, o apego O seguro, a bonança O desespero necessário Que só te busca, e só em causa de ti Ser tua massa carinhosa Ser teu certo, e teu errado Quando só nós dois Aprender meio sem jeito E decolar os pés em todos os beijos Avisar do aviso de estar com saudades Por que tem que ser assim? E se amar é esperar Por que ainda é assim? E se amar for prosseguir Juro que assim, ou mesmo que difira Não podemos nos distanciar E quando bastar eu estar comigo E estar contigo for também me ter Terei certeza que tudo é incerto E que nunca sei onde isso vai dar Mas pelo menos esse calor Que regenera ao mastigar Vai sempre me haver causado … Me haver mostrado … De braços dados … Que amar, ao lado É uma vontade de estar De onde ou quando não importa É só estar, se também estás.
De quem é a culpa disso tudo? Quem foi que disse que pra amar é preciso que doa um tanto assim? Um tanto que fere, que deixa inconsciente Que corta o fluxo dos dias Que acorda outras dores já findas E como podem findas?
Não amo agora, o mesmo que amei quando conheci Pois somos outras pessoas Na convivência, e no “eu te amo” diário Vamos nos tornando um pouco mais nós mesmos Você não me entende, né? Não falo de rotina, o amor ainda é o mesmo
Já te acordei por eu estar com frio Já te beijei porque estavas cansada e era tarde Já te acariciei por eu estar em falta de carinho Já chorei pois, mesmo ao lado, não estavas ali E mais dói morrer por dentro Do que qualquer outra morte que me poupasse isso
Eu vou ficar bem Bem Bem
Eu vou ficar bem
Até que eu me convença que isso é que é a verdade
E que não nos temos mais
Porque depois … Quando a dor fizer cócegas no meu corpo cansado Vou saber que é falta Vou saber que é a mesma Aquela não finda
Mas que a culpa, se é que se pode chamar culpa, não é tua Nem é minha
Refleti sobre meus anseios e ordenei ao meu coração que se contenha Estamos próximos de um futuro, e até agora só fui passado No presente estou aflito, vazio, não vivo
Escolhi minha melhor roupa, e me atirei noite adentro Muitas luzes, vários gostos... mas nenhum era o teu E nenhuma luz me lembrou os teus olhos, então não eram nada, e nem fiz nada
A tua falta, agora, é tão forte, e robusta, que se torna quase um corpo ao meu lado E eu a chamo, pois assim penso em ti, mesmo que eu não diga isso O meu orgulho é tão bobo
Menina dos olhos negros … O que eu farei enquanto espero teu abraço?
Essa minha “leve” esquizofrenia ainda acaba comigo Pois não te tenho, nem sei se existes Mas, mesmo assim, desejo E me integro ao corpo dos amantes, românticos Platonicamente sofrendo por uma projeção linda Deves estar à procura, assim como eu Ou se enganou, e morrerei sem demonstrar esse amor Ao qual me entreguei completamente.
Daniel Sena Pires – Projeção (2010) (Houve uma época em que eu não podia ouvir Led Zeppelin, Beatles Madonna, Michael Jackson, Legião Urbana, Queen ... Pois doía demais ... E parece que essa época voltou. É pra você.)
Durante as horas que se passam Furto pouco tempo, que de pouco em pouco é quase tudo À pensar se eu te visito Pensar …
Junta comigo, o que falta pra que o infinito seja possível? E boca, mel, doçura … e brasa, tudo seja possível?
Que pra enxergar tão longe, só se for de perto Duas vidas que se amam, são dois amores a se olhar
Bom é que pra errar, é fácil Consigo me desviar com jeito, não quero vacilar Acertar teu carinho com outro afago meu Propondo paz, até o amar
Por um momento, coube ao tempo me acalmar Esperar, não esperar … brincar de homem e avião
E todo momento, por um momento, era só teu “que de pouco em pouco é quase tudo”, lembras?
Tenho vontade de te falar da vida, e de como é difícil Ou simplificar tudo, te chamando de amor O que importa é trocar-te o semblante Toda vez, um choro teu, me faz ser fraco e triste
Quero alegrar-te, sem falsa festa, ou falso tom Pois bálsamo é só o carinho, o calor de perto
Por um momento, ainda és a minha melhor preocupação Como se a consciência te fosse serva, e preocupar fosse amar, trocando-se o coração de mãos
No primeiro suspiro do dia, nada no pensamento No segundo suspiro do dia, nem havia pensamento E em um único suspiro inteiro, dia inteiro Sem fragmentação … Percebo que és tu, sempre foi Eu que teimei em não saber.
“O dia hoje compensou viver... Amei demais, e só.”